Os Ciclos Da Vida
A vida é feita de ciclos, pois qualquer coisa que começa em nossa existência, um dia termina; o que não sabemos muitas vezes, é “quando” e “como” nossos ciclos terminarão dentro do Grande Ciclo da Vida.
O termo “ciclo” aqui pode gerar uma imagem errada. Ele é empregado não como um círculo (que não tem início e fim ou que qualquer ponto pode ser início ou fim) e nem como um fenômeno periódico, com início, fim e uma nova repetição. O uso deste termo está como sinônimo de “fase” ou “período”. Fato singular que por ter início, peremptoriamente deve possuir um fim.
Um ciclo de vida é algo que, ao ser encetado, abre uma categoria com uma cadeia de eventos que só poderiam ser começados, naquelas condições, com este acontecimento primeiro. Com a abertura deste ciclo, podem surgir inúmeros subciclos; sendo que, com o fechamento do ciclo inicial, alguns destes mini-ciclos se fecham automaticamente e outros subciclos podem continuar abertos, rodando por maior tempo que o ciclo que o originou e, desta forma até gerando novos subciclos.
Dentro de um ciclo grande (seja uma escola, uma faculdade, um trabalho, uma residência, ou um relacionamento), podem se iniciar vários ciclos menores (subciclos) — pequenos, médios ou mesmo grandes também. Alguns começam e se extingüem antes de terminar o ciclo que os criaram; e outros extravasam o ciclo referenciado, que acaba tendo seu término antes do término do seu ciclo fecundado.
Alguns ciclos são mutuamente exclusivos e só podem começar quando determinados ciclos terminam. Outros ciclos são dependentes e só podem começar a partir de outros que já tenham se iniciado. Conforme ciclos novos vêm e velhos vão, a alternância da hierarquia entre eles e a importância que cada um deles têm para nós, ambas vão variando continuamente.
Vários ciclos que começam dentro de um ciclo (dentro de algum período de nossa vida), são carregados até o fim do maior ciclo que existe em nossas existências: o da vida! Aquele que começa quando nascemos e termina quando morremos. Outros vão se concluindo dentro do prazo que esperávamos ou pretendíamos, enquanto alguns terminam antes de nossa vontade.
Dentre os ciclos que surgem inerente a outros, estão, por exemplo, o dos amigos e colegas que se obtêm e que se cultivam a partir da existência de seus ciclos criadores (maiores ou com muito menos duração). Tais quais os que surgem durante um período numa determinada escola (ou mais especificamente, em um mini-ciclo de uma das séries da escola, dentro do ciclo da escola), num curso, numa faculdade (ou apenas em um mini-ciclo de uma disciplina dela), num emprego (ou num mini-ciclo nesta empresa, que durou durante uma viagem a trabalho por ela), ou mesmo em ciclos de amizade longos — quiçá vitalícios — derivados de um simples aguardo numa mera sala de espera num hospital.
Alguns ciclos se iniciam, independente de nossas vontades, como um ciclo de uma doença, ou de um sinistro, ou de um acidente. Infortúnios que, quando ocorrem, automaticamente abrem ciclos até os seus términos; seja com a cura, solução, recuperação ou mesmo com a morte: aquilo que fecha tudo na vida material.
Dentre outros ciclos inerentes a outros originais e que perduram geralmente até o fim do grande ciclo da vida — o maior de todos —, estão também os dos aprendizados que continuarão sendo usados pela nossa existência inteira; ensinamentos que começaram nestas experiências de vida, destes ciclos criadores, através dos ciclos de memórias e lições (que tanto as boas, como as ruins; depois que passam, ambas devem virar aprendizados positivos).
Devemos ser gratos a todos os amigos, colegas e conhecidos conquistados, que nos acompanharam, nos ensinaram e nos agregaram valor. E que seja como for, aparecendo sempre, freqüentemente, esporadicamente ou mesmo nunca mais em nossas vidas, de uma forma ou de outra, uns mais, outros menos; regozijemos com os que deixaram um pouquinho de suas existências em nós e devemos esperar que, humildemente, tenhamos sido capazes de havermos conseguido deixar um pouquinho das nossas, neles.
A impermanência de todos os ciclos da vida é justamente uma inerência daquilo que é evanescente, perecível e mortal. Sejam bons ou ruins, iniciar e fechar um ciclo é algo inexorável de nossa condição humana temporal. Por isso, devemos usufruir os bons, mas jamais nos apegarmos de forma imutável a algo que normalmente se acabará antes da morte física.
Da mesma forma, sucumbir a um ciclo mal como se este fosse permanente, sendo que inexoravelmente ele também acabará, em nada vai melhorar o nosso viver. O motivo é simples: Se ele tiver como ser fechado, a solução para cerrá-lo numa mente desesperada, dificilmente se cristalizará; agora, se ele só terminar com a nossa morte, aproveitaremos pessimamente todos os ciclos bons abertos concomitantes com este que é ruim; vivendo e até intensificando a amargura dele; acelerando nossa morte e transformando em infelicidade todos os demais ciclos que ainda vivemos e que nos são bons.
Sejamos costumeiramente agradecidos a todos que participam e influenciam a todos os ciclos (bons ou ruins) que vivenciamos em nossa caminhada, de ciclos e mais ciclos — uns dentro de uns; outros após outros. E que vivamos sempre conscientes de que os ciclos e suas temporalidades, são dados da realidade imutáveis, aproveitando-os com louvor a Deus pela oportunidade de experimentá-los dentro da primeira etapa de nossa eternidade, com gratidão às pessoas que passaram e nos ensinaram algo, e com esperança e melhorias crescentes aos bons humanos que poderão interagir conosco em nossas vidas.