Aos Defensores Da Liberdade E Independência Numa Nação

C. S. Xavier
14 min readAug 22, 2021
Quando Deus Governa o Estado Diminui (Pintura “Angelus”, Jean-François Millet (1814–1875), 1857–1859)

Quando uma pessoa não tem um arcabouço moral sólido e imaterial, que demanda que ele respeite e siga boas regras básicas de conduta éticas (conjunto ideário e orientativo das regras que regem uma pessoa ou um grupo) e morais (conjunto prático de execução das regras orientativas e ideais que regem uma pessoa ou um grupo) —, própria ou de convivência com os demais, é necessário haver mais regras de condutas convencionais (externas, explícitas, executadas, fiscalizadas e julgadas) para, assim, regularem o excedente egotismo impetuoso, incontinente, destemperado, invasivo, ofensivo, destrutivo de uma pessoa ou de um grupo de pessoas assim. Quanto maior o número de indivíduos tendo estas deficiências éticas e morais, pior para uma sociedade que terá que arcar com governos maiores, mais autoritários, centralizadores e interventores; quanto mais deficiências, vícios e impertinências para uma grande parcela de pessoas e grupos desajustados assim, mais leis e regras explícitas são necessárias.

Todas regras éticas que determinarão comportamentos morais — o que eu chamo de “moral de um povo” — oriundas e reunidas sob o guarda-chuva de uma religião, que eleva o homem a uma dignidade, inteligência e conduta superiores humanas idealizadas, é o que faz uma sociedade prosperar, comungar e conviver pela bússola fornecida por estas doutrinas e normas religiosas. Uma nação que tenha uma quantidade considerável mínima de pessoas sendo guiadas por um código religioso (teogônico, cosmogônico, cosmológico, metafísico, ontológico, teleológico, epistemológico, escatológico e ético-moral) superior em termos pessoais e sociais valorativos, auspiciosos e justos (do que a ausência de algo assim) terá, ipso facto, suas ações, reações, relações e objetivos governados, em última instância, por esta religião transcendental e imaterial pairando sobre o imanente e material e, em decorrência óbvia, governando boa parte dos indivíduos e, como isso, a própria sociedade; independente das leis, governos, locais e Estados onde vivam (que acabarão por se subordinarem às emanações dos códigos oriundos da religião que os criou). Mude o que mudar, mesmo que pela coerção temporal de algumas gerações políticas, legislativas, judiciárias e administrativas no poder (hostis àquela religião) muitos cedam externamente a alguma pressão, interiormente a força que regerá (em alto índice) cada um dos indivíduos — e seus grupos — continuará sendo a força religiosa e da fé.

“Por ser o homem imperfeito, uma ordem social perfeita jamais pode ser criada. Por conta do desassossego humano, a humanidade pode se rebelar caso sujeita a qualquer dominação utópica, e vir a explodir novamente em um descontentamento violento — ou terminar enfadada. Objetivar a utopia é terminar em desastre, dizem os conservadores: não fomos feitos para perfeição. Tudo o que razoavelmente podemos esperar é uma sociedade tolerantemente ordenada, justa e livre, na qual alguns males, desajustes e sofrimentos continuam à espreita. Ao dar a devida atenção à reforma prudente, podemos preservar e melhorar essa ordem tolerável. Se as antigas defesas morais e institucionais de uma nação forem esquecidas, irrompe o impulso anárquico no homem: “a cerimônia da inocência é afogada”. Os ideólogos que prometiam a perfeição do homem e da sociedade converteram grande parte do mundo no século XX em um inferno terreno”.

Russell Kirk

A religião é uma impressão na alma de cada fiel religioso, que o forma, o educa e o rege em seus valores, princípios, pensamentos, intelectos, raciocínios, falas, ações e propósitos. O campo espiritual — existencial apenas nos homens — tem supremacia sobre os demais campos de nossa existência. Um homem que o aliena ou o renega, acaba tendo uma existência incompleta, sem o fundamento último que nos marca e nos justifica como humanos, que nos conduz para além de nossas próprias vidas: do que trata sobre nós, antes e depois de nós mesmos existirmos.

E a Civilização Ocidental pairou e se edificou fundamentalmente pela superestrutura predominante do Cristianismo e de toda a ética e moral irradiada em tudo que rege ou deriva das atividades humanas (cosmovisões, instituições, relações, governos, teleologias e demais outros). Pelo báculo pinacular principal da Igreja Católica, depois, no século XI, dividindo com algumas variações a lide com as Igrejas Ortodoxas no Oriente, e, a partir do século XVI, com milhares de denominações Igrejas Evangélicas, o Cristianismo foi o carro-chefe na fundamentação e estruturação do Ocidente e do mundo como um todo que absorveu quase tudo o que nos tornou prósperos.

Quando o sentimento e vivência cristã eram a base da maioria das pessoas nas sociedades, não havia a necessidade de haver tantas leis e interferências de braços estatais já que o bojo espiritual, das leis de Deus é que imperavam nos imos e nas consciências individuais da esmagadora maioria e, evidentemente, nas sociedades em que indivíduos cristãos convivem em grande monta com demais minorias religiosas. E estas minorias, não cristãs, tendo liberdade de professarem o credo que quiserem (e o que não quiserem), no balanço final de prós e contras, se beneficiavam de conviverem numa sociedade assim.

O Cristianismo e a Igreja Católica: Sustentáculos da Civilização Ocidental (Óleo “Cisneros, Fundador Del Hospital De Illescas (En Toledo)”, Alejandro Ferrant y Fischermans, 1892)

“Num quadro que retrate a vida cristã primitiva, podemos distinguir, pois, as três características que se seguem: uma organização humana cada vez mais precisa e sólida, uma sociedade cujos alicerces são inteiramente novos e um tipo de homem diferente de todos aqueles que o mundo conhecera. Quando São Paulo, na “Epístola aos Gálatas”, dizia aos cristãos que já não eram “nem gregos nem judeus”, que passavam a formar um povo novo, uma realidade histórica diferente de todas as outras, eram precisamente estes três elementos que a sua genial intuição discernia própria substância da mensagem evangélica; são eles que definem a Revolução da Cruz e asseguram o seu triunfo.
Daqui em diante, a partir dos fins do século II, o mundo romano caminha para o seu declínio, e cada vez mais depressa — “como um rio que corre para o abismo que o há de tragar”, diz Nietzsche — a civilização da Antigüidade irá precipitar a sua decadência. Todas as forças de destruição que se podiam identificar no Império no tempo do seu esplendor, ainda pouco eficazes nos dois primeiros séculos, vão-se mostrar agora cada vez mais ativas e mais temíveis. Mas, no momento em que a Roma antiga está prestes a ceder o passo, está já em vias de preparação o revezamento. A Roma cristã está a postos.
Através de crises cada vez mais violentas, por um processo de centralização e estatização cada vez mais pesado, o organismo imperial vai-se sentir pouco a pouco atacado de paralisia; os seus quadros administrativos desconjuntam-se e as suas hierarquias deixam de apoiar-se sobre o real. Mas, nessa mesma ocasião, a Igreja torna-se cada vez mais forte, cada vez mais bem organizada.
Da mesma forma, a sociedade romana, corroída por vícios contra os quais se mostram impotentes todos os regulamentos e leis, vai apodrecer sem qualquer reação. A verdadeira decadência começa no início do século II e o Baixo Império oferecer-nos-á um espetáculo cada vez mais degradante dessa decadência. Socialmente desequilibrada, moralmente atingida, a sociedade antiga não traz em si nada que a possa salvar. Mas uma outra sociedade se estabeleceu no seu próprio seio, uma sociedade fundada sobre princípios completamente diferentes e que se desenvolverá dentro dela, acabando por substituí-la.
Em última análise, é o próprio homem que muda: mudam os seus princípios, como muda também o conceito que ele forma de si mesmo, do seu papel sobre a terra e do seu destino. Prepara-se um novo humanismo, isto é, uma nova síntese entre os dados históricos do tempo e os valores permanentes da consciência. E, como acontece sempre com as revoluções espirituais chamadas a transformar profundamente o mundo, esta nova síntese absorve e transfigura os elementos do passado. Da inteligência grega e da ordem romana, integradas na realidade cristã e nela transubstanciadas, nascerá essa entidade admirável que, durante quinze séculos, dará à história o seu perfil, e que a nossa época está em vias de deixar perder-se: o civilizado do Ocidente.
É esta modificação de todos os dados profundos da civilização que é preciso apreender bem, se queremos compreender o futuro do cristianismo. Repetimos: a vida cristã é uma vida transformada; por isso, tudo o que diz respeito à vida se transforma de uma só vez. Assim como há no cristianismo uma moral privada que proíbe o divórcio e os excessos do luxo, uma moral comercial que exige honestidade, há também uma moral social que modifica pela raiz as próprias perspectivas em que se consideram instituições como a escravidão. Haverá um modo de vestir cristão; haverá um ensino cristão e até uma maneira cristã de distrair-se, de divertir-se e de conceber os espetáculos. Haverá ainda uma literatura cristã de excepcional importância, como veremos. É caso de fazer aqui uma alusão que poderá parecer paradoxal: o mundo vai mudar de bases”.

Daniel-Rops

É numa sociedade cristã, com inúmeras pessoas conduzindo suas vidas pelos Mandamentos de Deus e do Verbo encarnado, Jesus Cristo, que delega sua autoridade a São Pedro (c.1 a.C.-67 d.C.) — o Primeiro Papa — e a seus Apóstolos e demais Discípulos, sob a autoridade humana de homens da Igreja Católica Apostólica Romana que se seguiu pelos seguintes milênios, de quem, de onde e de quando surgiram modos, hábitos, costumes, tradições, princípios, valores, instituições, leis, artes, governos, países, economias e sociedades prósperas, com desenvolvimentos benéficos como os conhecemos na Civilização Ocidental e dela para o resto dos povos da Terra. Foi assim que foi fundado os Estados Unidos da América, exotericamente por alicerces cristãos (que já estavam impregnados na maioria daquelas pessoas, como colonos, antes mesmo de existir o país), agregando-as e orientando cada ser humano em sua vida.

E os conceitos de livre-mercado e de um governo pouco invasivo e interventor se deram justamente pela confiança percebida pelos intelectuais de que, em cada troca entre os indivíduos, haverá a boa-fé, a promessa cumprida, a responsabilidade de honrar o acordo prévio, e a vergonha e repúdio públicos ser for quebrado o contrato (basicamente verbal) combinado previamente pela palavra ou papel. E a melhor manifestação real desses elementos — livre-mercado e governo mínimo — ocorreu justamente no novo Estados Unidos da América.

Numa sociedade assim é que a caridade, o respeito, a confiança e a solidariedade mútua funcionaram muito bem entre conjuntos satisfatórios e predominantes de pessoas solícitas e gentis. Só numa nação erigida sobre tais fundações cristãs é que a vida social foi predominantemente pacífica e bem-sucedida, que o governo foi enxuto e servil, que o comércio e riquezas se desenvolvem (tanto aos indivíduos quanto em cada local onde cada grupo social convivia), que a burocracia foi dispensável ao máximo, que as leis foram sintéticas e esparsas, e que a despesa para fiscalizar e manter agentes públicos foi diminuta. Ou seja, foi numa sociedade moralmente governada por valores cristãos — pairando sobre todos — que aquilo que os liberais (e até libertários, anarcocapitalistas e anarquistas) tanto prezam, livre-mercado e Estado mínimo, se conseguiu conquistar.

Quando em 11 de outubro de 1798, o 2º presidente dos EUA, John Adams (1735–1826), enviou uma carta aos oficiais da Primeira Brigada da Terceira Divisão da Milícia de Massachusetts, dizendo que a Constituição e Leis dos Estados Unidos da América, só serviriam a uma sociedade cristã, penso que era isso o que ele queria dizer: um punhado de artigos constitucionais, somente algumas leis, e uma vasta liberdade dada ao máximo aos indivíduos eram, então, complementadas por um oceano transcendental e imanente de leis, valores e princípios cristãos, que garantiriam aquela liberdade, aquele bem-estar, aquela prosperidade, aquela generosidade e solidariedade (voluntárias e em altos índices), aquela minocracia e aquela independência.

“Enquanto nossa nação permanece imaculada com os Princípios e costumes, que agora estão produzindo desolação em tantas partes do mundo: enquanto ela continua Sincera e incapaz de política insidiosa e ímpia: Teremos a Mais Forte Razão para nos alegrarmos no destino local que Nos designou pela Providência. Mas deve o Povo da América, uma vez que se tornar capaz dessa profunda (…) simulação entre si e com nações estrangeiras, que assume a Linguagem da Justiça e da moderação enquanto pratica a Iniquidade e a Extravagância; e exibe da maneira mais cativante as encantadoras Imagens da Candura de franqueza & sinceridade enquanto é tumultuado em rapina e Insolência: este país será a habitação mais miserável do mundo. Porque não temos nenhum Governo armado com Poder capaz de lutar contra as paixões humanas não freadas pela (….) moralidade e religião. Avareza, Ambição, Vingança ou Galantaria quebrariam as cordas mais fortes de nossa Constituição como uma Baleia passa por uma rede. Nossa Constituição foi feita apenas para um Povo moral e religioso. É totalmente inadequada para o governo de qualquer outro”.

John Adams

As Bases Cristãs dos Estados Unidos da América (Óleo “The Prayer at Valley Forge”, Arnold Friberg (1913–2010), 1975)

Quando o Cristianismo vai sumindo da cultura de um povo, o governo vai aumentando. Quando o Império de Deus vai encolhendo, o Império do Estado vai se expandido, com sua voraz força, centralização, intervenção, burocracia, custos, direção e despotismo. Basta observar o que vem acontecendo na Civilização Ocidental quase toda, em que um monte de ideologias materialistas, imanentistas e anticristãs tomaram lugar nos espíritos, intelectos, corações das pessoas (começando pelas elites e descendo): todos Estados e governos cresceram, as leis explodiram em quantidade, os tributos exorbitaram, a regulação dos comércios ficaram acachapantes, o caos, maldades, fraudes, mentiras, absurdos, estupidez e desordens se espalharam. Tudo aquilo que um liberal, libertário, anarcocapitalista ou anarquista que se prezem, detestam — e que dizem que lutarem contra — floresceu com o ocaso cristão.

Esse fenômeno de laicização em detrimento da cristianização feriu brutalmente — e espero que não seja de morte — o que virou um novo deus, a Democracia. A outrora terra da liberdade e da oportunidade, os EUA, de um jeito avassalador entrou numa espiral de decadência, com uma quantidade inenarrável de esquerdistas revolucionários e anticristãos — norte-americanos — que odeiam o próprio país, seus fundadores, seus pilares e símbolos cristãos, e que elegem sistematicamente os maiores americanófobos para os governarem e que odeiam quaisquer que sejam os patriotas à moda antiga que lutam pela pátria, sua cultura e bases fundantes cristãs.

Meça os EUA de 1800 ao de 1900, e já há uma piora. Porém, de 1900 até 2000, veio uma catástrofe leviatãnica e anticristã, um crescimento estratosférico do poder e da centralização do governo, seu alcance, custo e intromissão. Uma diminuição da livre-iniciativa e do livre- mercado, crescentemente mais regulados, fiscalizados e tributados. E se pegar aquele país dividido como está, neste início do século XXI, vemos que muitos estados (Califórnia e Nova York, por exemplo) se apresentam praticamente irreconhecíveis ao espírito norte-americano, que os levaram ao estado de potência mundial, na vanguarda do mundo, quase invertido do que era há décadas. Tudo devorado pela Democracia divinizada e faminta por devorar liberdades, dignidades, independências e riquezas de quem a sustentam.

No clássico e obrigatório livro “Da Democracia na América”, já em 1835, o historiador, cientista político e escritor francês, Alexis de Tocqueville (1805–1859) já percebia um progressivo — e diferente de tudo quanto se passou na História política humana conhecida — crescimento do gigante estatal, que ele chamou de “despotismo democrático”, onde o Estado se torna uma grande babá, que na sua carta de recomendação ao povo, se apresenta como quem se importa mais com todos; capaz, competente e justa cuidadora de homens, mulheres e crianças; mas que se mostra como uma grande manipuladora, controladora e invasiva serva vingativa, intolerante, avarenta, pródiga, vaidosa e poderosa, quando confrontada e questionada por seus filhotes.

“Não creio, pois, que a espécie de opressão pela qual os povos democráticos se acham ameaçados se assemelhe a algo que a precedeu no mundo; nossos contemporâneos não poderiam encontrar na lembrança a sua imagem. Em vão procuro uma expressão que reproduza exatamente a idéia que tenho e que a encerre; as antigas palavras, despotismo e tirania, não convêm de maneira alguma. O fenômeno é novo; é preciso, pois, defini-lo, já que não posso dar-lhe um nome.
Procuro descobrir sob que traços novos o despotismo poderia ser produzido no mundo: vejo uma multidão inumerável de homens semelhantes e iguais, que sem descanso se voltam sobre si mesmos à procura de pequenos e vulgares prazeres, com os quais enchem a alma. Cada um deles, afastado dos demais, é como um estranho ao destino de todos os outros: seus filhos e seus amigos particulares para ele constituem toda a espécie humana; quanto ao restante dos seus concidadãos, está ao lado deles, mas não os vê; toca-os e não os sente; existe apenas em si e para si mesmo, e, se ainda lhe resta uma família, pode-se ao menos dizer que não tem pátria.
Acima destes, eleva-se um poder imenso e tutelar, que se encarrega sozinho de garantir o seu prazer e velar sobre sua sorte. É absoluto, minucioso, regular, previdente e brando. Lembraria o mesmo pátrio poder, se, como este, tivesse por objeto preparar os homens para idade viril; mas ao contrário, só procura fixá-los irrevogavelmente na infância; agrada-lhe que os cidadãos se rejubilem, desde que não pensem senão em rejubilar-se. Trabalha de bom grado para sua felicidade, mas deseja ser o seu único agente e árbitro exclusivo; provê e assegura as suas necessidades, facilita os seus prazeres, conduz os seus principais negócios, dirige a sua indústria, regula as suas sucessões, divide as suas heranças; que lhe falta tirar-lhes inteiramente, senão o incômodo de pensar e a angústia de viver? É assim que, todos os dias, torna menos útil e mais raro o emprego do livre arbítrio; é assim que encerra a ação da vontade num pequeno espaço e, pouco a pouco, tira de cada cidadão até o emprego de si mesmo. A igualdade preparou os homens para todas essas coisas, dispondo-os a sofrer e muitas vezes até a considerá-las como um beneficio”.

Alexis de Tocqueville

Uma Sociedade Livre e Governada por Leis Invisíveis (Óleo “The County Election”, George Caleb Bingham (1811–1879), 1852)

E os direitistas liberais e os mais extremos libertários, anarcocapitalistas e até anarquistas devem entender finalmente a cosmovisão cristã de conservadores e, a partir disso, diminuírem os seus ímpetos revolucionários invertidos (o de tentarem trazer um futuro utópico mas sem concentrarem poder em suas mãos; de lutarem contra os estatólatras, mas, por suas incompreensões pueris, acabando por ajudarem os nossos êmulos em comum a acumularem o máximo de poder em suas garras esquerdistas, servos de Leviatã), de quererem colocar liberdade como um princípio norteador (uma falha metafísica e epistemológica colossal) e que acaba apenas ajudando nas pautas destrutivas culturais e morais esquerdistas, revolucionárias e anticristãs, que os submeterão e os distanciarão de seus dogmas liberais, libertários, anarcocapitalistas e anarquistas.

Então, o pessoal que compõe a Direita mais anti-estatal, pró livre-mercado, e com endeusamento da liberdade deve, por fim, entender: ou conseguem as idealizações suas (na medida do possível humano) ajudando conservadores e cristãos na Guerra Cultural contra todos os tipos de revolucionários esquerdistas anticristãos, ou fiquem na eterna adolescência de um mundo intangível, derrotados sem trégua e servindo de esparros e preservativos aos esquerdistas, enquanto ajudam a enfraquecer e destruir os únicos que podem conciliar os limites do possível de máxima liberdade justa, livre-mercado e menor tamanho estatal possível: conservadores e cristãos (que também não gostamos de Estado grande e, pior, no lugar de Deus; e que evidentemente amamos a liberdade divina que nos foi concedida, tanto no início quanto este simulacro exilados do Paraíso Perdido).

Decidam com os elementos de realidade disponíveis — e não pelas fantasias de pensamento mágico e infantil — o que querem: Ou o Cristianismo (mesmo que não queiram reconhecer a verdade que cremos), com todas as nossas possíveis imperfeições humanas; ou o Estado (sempre impessoal, imperfeito e tirânico), com todas as mazelas que já nos sufocam e distanciam de seus e de nossos ideais. Escolham, mas sejam breves.

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C. S. Xavier

No exercício contínuo da mais perene atividade entre os mortais.