A Precisa Minoria Organizada
Muitas pessoas ainda não entenderam o poder que têm uma minoria organizada e o quanto é importante uma descrição precisa da realidade que delimite os indivíduos que realmente agem nela, só entendendo isso é que começarão a parar de dizer “O ‘povo’ só quer saber de…” ou “O ‘sistema’ é foda…” e se esforçarão para discernirem e discriminarem quem é quem e, mesmo que por estimativa, quantificarem o tamanho e amplitude de cada problema com suas hierarquias de gravidade sendo atacadas com as atenções, seqüências e esforços devidos.
Canso de afirmar que o primeiro campo de batalha é a Linguagem e que, se perder nele (como continuamos perdendo) não há Guerra Espiritual, Guerra Cultural, Guerra Intelectual, Guerra Política a ser vencida. Se não conseguimos nem nomear coisas simples muito menos saberemos descrever uma situação concreta ou um problema complexo de forma precisa, referencial e científica, e quaisquer explicações e diagnósticos que surjam em tais estados caóticos só confundirão mais ainda a já temerosa confusão, quando só se chega até a comunicação metonímica como se esta fosse a precisa referência à realidade; e é este estado que se predomina nos nossos tempos, um estado em que nos liquidamos ab ovo diante dos piores problemas.
O “povo” é uma metonímia — que obviamente não é um agente —, e dentro deste povo tem pessoas que só pensam em assistencialismo e obediência (talvez hoje ainda a maioria) mas dentro do que chamamos de povo estou eu, tu e aquelas pessoas que estavam, por exemplo, indo em Câmaras Municipais, Assembléias Legislativas e lotando-as e pressionando Brasil afora contra passaporte sanitário e denunciando os males das drogas experimentais, enquanto uma vastidão de servos e sonâmbulos obedeciam bovinamente a tudo.
Dentro da metonímia “povo” há os homúnculos com medo da própria sombra e que não têm mais competência cognitiva e moral para entenderem (ou quererem entender o que está ocorrendo) e que só esperam a próxima ordem da picada e que acham bom controle sanitário protonazista, e que ficam com raiva de quem está lutando por si (e até por eles mesmos, imbecis, covardes e canalhas, por tabela); mas também havia — e há — dentro do “povo” pessoas que estavam — e estão — liderando pesquisas contra essas drogas experimentais, movimentos, se organizando, se mobilizando (por palestras, seminários, geração de dossiês, criação de grupos de trabalho, elaboração de artigos científicos, fazendo pressão legislativa, entrando na Justiça) e agindo.
E boa parte destas pessoas do “povo” (e que só aumenta a quantidade de seus membros, com horizontes de consciência, conhecimento e percepção similares) estão também integrando aquilo que imaginativa, parca e indefinidamente chamamos de “sistema”, agindo dentro desta entidade metonímica a nosso favor, já que qualquer sistema humano foi, pasma: criado por homens agindo (e não foi criado sozinho, assim como a “sociedade” também não foi) e, possivelmente, só homens capazes e agindo contra é que são capazes de entender um sistema humano, diagnosticá-lo, e destruí-lo; e não será usando a metonímia simplificadora, atenuante, confusa e alienante “sistema” que tais homens terão êxito.
E o importante é que, mesmo que estes homens inteligentes, despertos e com personalidade forte sejam uma minoria de indivíduos, estes se organizando (ou mesmo agindo individualmente pelo baluarte da verdade, inteligência e conhecimento) com propósito e destemor para atingirem quaisquer objetivos, são os que fazem a diferença, mais diferença que dez mil, cem mil, um milhão de homúnculos passivos, covardes, estúpidos e subservientes.
Com este espírito, muitos foram os indivíduos, famosos ou desconhecidos do grande público, que conseguiram denunciar, combater, reduzir ou até eliminar maus temidos e males terríveis, às vezes sacrificando o próprio bem-estar e até mesmo a vida. Na História temos muitos nomes que imprimiram a força de suas personalidades contra maus e males de suas épocas. E eu já conheci pessoas comuns que fizeram abalos sísmicos nas grandes corporações em que trabalhavam porque não aceitaram todo um conjunto de medos, vícios e variadas injustiças e, quando foram eles as próximas vítimas, reagiram como nunca, derrubando crápulas e estancando mazelas que há décadas ocorriam e que a maioria covarde, carreirista e cúmplice de canalhice assimilava como normal, na base do “é assim mesmo, sempre foi assim”…
É como a frase atribuída a Vladimir Lênin (1870–1924): “Um homem com uma arma pode controlar cem sem uma.”; em que vemos facilmente ocorrendo em qualquer favela carioca ou bairro com milícia. E é crucial sabemos disso. Mas ao nosso caso prefiro a máxima que o Olavo de Carvalho (1947–2022) leu em Johann W. Goethe (1749–1832) dizia que a maior força que existe é a personalidade humana.
Tendo isso tudo sendo exposto, devemos primeiramente nos empenhar ao extremo para resgatarmos nossa própria personalidade, o quem realmente somos, e, com inteligência e sinceridade, resgatarmos nossa pura alma em cada um de nós, descobrindo o domínio pleno de nossas virtudes e vícios, capacidades e limitações, e usando-as com toda coragem, diligência, humildade e hombridade para agirmos e lutarmos contra todos os maus — agentes que fazem o mal acontecer — identificados, sob a luz da verdade, e, colateralmente ajudando quem mais estiver disposto a acordar e resgatar também sua personalidade, com inteligência, sinceridade, diligência, humildade e hombridade.