Os Tiranos Hibernando Entre Nós
Para se estabelecer uma tirania (inclusive a militarmente imposta) é necessário, além de um pequeno bloco despótico dirigente, uma oposição anti-tirânica sem capacidade, coragem e inteligência suficiente à empreitada, um número crítico de cumpridores de ordens dentro do próprio aparato estatal e paraestatal conivente (mídia, imprensa, universidades, sindicatos, categorias de classe, centros culturais, entre outros), e, cada vez mais, é mister contar com colaboradores — tanto dos que esperam alguma vantagem (material, financeira, social, política) quanto dos que são voluntários por pura simpatia ou adesão ideológica — no seio da sociedade, começando pelos já citados integrantes do aparato estatal que, seja para não perderem suas regalias e postos ou seja porque realmente se alinham às ideologias e práticas dos tiranos, cumprem ordens injustas, vis, e até desumanas de um bando de grandes canalhas, covardes e psicopatas que mandam neles, além, é óbvio, de uma massa amorfa e abjeta de sarnas humanas, que reverberam as loucuras e vilezas ditatoriais dos luciferianos, que acabam se amplificando através das ações destes incontáveis e difusos canalhas, covardes e psicopatas, de várias matizes, e que vivem entre nós, mas que despertaram de seus sonos de aparentes pessoas de bem e decentes para cooperarem servil, abjeta e diabolicamente com os patocratas, seja por vaidade, inveja, recalque, ódio, cobiça ou por pura maldade mesmo que só era inibida pela normalidade e harmonia da ordem, justiça e liberdade que deixaram de dominar em determinada nação.
Não seria possível um grupo estabelecer uma ditadura sem um número mínimo de canalhas, covardes e de psicopatas em cumplicidade, desde só os milhares caras-crachás obedecendo ordens de dentro do aparato estatal até, o que é pior, aos milhões de desgraçados que aderem a elas de peito aberto: uma massa crítica nefanda de maliciosos e inescrupulosos colaboradores e alcaguetes dentro da sociedade. E vimos que depois do engodo pandêmico provocado a partir de 2020, um número suficiente de juízes arbitrariando, de procuradores perseguindo, de policiais prendendo, de burocratas chancelando, além de um monte de pulgas dedurando, engrossando as injustiças, cooperando sadicamente com a ditadura emergida, brotaram das fendas da nossa sociedade e boa parte desses espectros conviviam conosco, fazendo compras nos mesmo mercados que a gente, prestando serviço ou usufruindo dos nossos, circulando pelas calçadas, trabalhando conosco, morando em nossas vizinhanças, habitando em nossos condomínios, ou tendo nossos próprios sangues correndo em suas malditas veias.
“Se as pessoas, em situações individuais, não cooperassem, oferecendo resistência com base moral, o sistema não poderia manter-se. Onde isso não acontece, temos precisamente a condição de degeneração moral”.
Hoje, mais do que nunca, com o nível tecnológico que integra e encurta as distâncias entre todo o mundo, com cada ser qualquer podendo ter, passar e repassar informações — sem barreiras de distância e tempo — no alcance de um celular na palma de cada mão, fica mais claramente sombrio que os totalitarismos atuais se estabelecem pelos milhares de comissariozinhos da salvação pública, de tchekinhos, de gestapinhos, de stasisinhos, de securitatezinhos espalhados pelas ruas, esquinas e multiplicados pelos nossos sistemas de desensino, catalisados pelos centros de formação de imbecis e militantes das descolas e monoversidades, e amplificados pela máfia jornazista de mitômanos; denunciando com regozijo quem está cometendo “crimidéia”, ou quem busca se livrar de censura tirânica abjeta, ou quem combate a corja cínica, hipócrita, covarde e maligna que quer subjugar seu próprio povo. Mas tudo em nome da “Democracia”, da “Ciência”, da “Paz”, da “Saúde”, do “Respeito”, da “Natureza”, do “Estado Democrático de Direito”, e, pasma com o nível de cretinice, em nome da “Liberdade”…
Desta forma, a sociedade deve estar antes bem adoecida — espiritual, intelectual, lingüística e moralmente — para, primeiramente, estar propícia a receber um ditador no poder (vil, psicopata, mentiroso, inapto, estúpido, hipócrita e brutalmente canalha) com sua turba de asseclas — e muitas vezes, com dezenas de milhões deliberadamente votando neles. E deve ainda estar estragada e impregnada por uma quantidade mínima — e crônica — de psicopatas, canalhas e de gente que não presta nem para dar “Bom dia!” para que isso possa ocorrer (que, mesmo sendo complexo descobrir percentualmente o valor de corrompidos e decaídos necessários a isso, seria interessante pelo menos se estimar qual seria esta proporção mínima de crápulas entre nós).
Logo nos primeiros tópicos do indispensável livro “Em Busca de Sentido” do médico neuropsiquiatra, psicólogo e professor austríaco, Viktor Frankl (1905–1997), escrito em 1945 e que conta com dezenas de edições em mais de 19 idiomas, ele descreve seus objetivos e nos apresenta a abjeta figura do capo nos campos de concentração nazistas, que eram inicialmente prisioneiros comuns, iguais aos outros, e que por seleção passaram a dispor de privilégios e de algum poder de fiscalização e polícia sobre os demais; todos eles também judeus.
“As experiências aqui relatadas não se relacionam tanto com acontecimentos nos campos de concentração grandes e famosos, mas com os que ocorreram em suas famigeradas filiais menores. É fato notório que justamente esses campos mais reduzidos eram autênticos locais de extermínio. Em pauta estarão aqui não a paixão e morte dos grandes heróis e mártires, mas das “pequenas” vítimas, a “pequena” morte da grande massa. Não vamos nos ocupar com aquilo que o “capo”, nem este ou aquele prisioneiro renomado sofreu ou tem para contar, mas vamos tratar da paixão do prisioneiro comum e desconhecido. Este último não usava o distintivo em forma de braçadeira e era desprezado pelos “capos”. Enquanto ele passava fome até morrer de inanição, os “capos” não passavam mal. Houve até alguns que nunca se alimentaram tão bem em sua vida. Do ponto de vista psicológico e caracterológico, esse tipo de pessoas deve ser encarado antes como os SS ou os guardas do campo de concentração. Os “capos” tinham se assemelhado a esses, psicológica e sociologicamente, e com eles colaboravam. Muitas vezes, eram mais rigorosos que a guarda do campo de concentração e eram os piores algozes do prisioneiro comum, chegando, por exemplo, a bater com mais violência que a própria SS. Afinal, de antemão somente eram escolhidos para “capos” aqueles prisioneiros que se prestavam a esse tipo de procedimento; e caso não fizessem jus ao que deles se esperava, eram imediatamente depostos.”
Viktor Frankl
Muitos desses capos — selecionados pelos guardas nazistas a se tornarem capatazes de seus próprios concidadãos judeus — eram canalhas, maus e até psicopatas e, muitas vezes, eram mais sádicos, vis e covardes que os próprios guardas nazistas. E tivemos uma amostra a partir de 2020 do números de “proto-capos” entre nós. Tivemos inúmeras provas que estamos permeados de capos hibernados nas nossas sociedades, só esperando o despertar de uma tirânica oportunidade para liberarem suas maldades a seus concidadãos: desconhecidos, vizinhos, colegas e até familiares.
Desde 2020, testemunhamos pessoas denunciando vizinhos — muitas delas que se conhecem há anos, décadas —, colegas de trabalho vibrando com demissões de gente que se recusou ser cobaia de escumalhas científicas, militantes disfarçados de jornalistas vibrando e normalizando decisões judiciais arbitrárias, clientes denunciando nas redes sociais funcionários (ou a seus chefes) — e que conhecem há anos — porque estavam com máscaras abaixadas trabalhando, funcionários de governo soldando lojas, fiscais fechando e multando comerciantes desesperados para cumprirem o crime insano dos lockdowns, policiais prendendo gente sozinha nas praias e praças porque os vermes estavam cumprindo ordens de dementes e bandidos, crianças sendo impedidas de brincar e de serem crianças, pulhas hostis a cristãos denunciando igrejas (às vezes, os próprios cristãos denunciando outros de outra denominação cristã). Tudo isso aconteceu avassaladoramente nestes anos tenebrosos. Ah, e como havia demônios humanóides vibrando com as injustiças que se abatiam sobre quem odiavam… (Mas, aos seus parceiros, nem a justiça escrita era justa quando os alcançavam…).
“Quando o que é ordenado por uma autoridade se opõe ao objetivo para o qual essa autoridade foi constituída, (…) a pessoa é obrigada a desobedecê-la, como fizeram os santos mártires que sofreram a morte em vez de obedecer às ordens ímpias de tiranos”.
Todas estas ordens de tiraninhos hibernavam entre nós: andavam entre nós, interagiam conosco, nos cumprimentavam, trabalhavam conosco, conviviam conosco e, em alguns casos, moravam conosco, e despertaram ao chamado das sombras às chamas que os aguardam. E vendo a quantidade de vadios e pulhas defendendo seres notoriamente e comprovadamente desprezíveis (autoritários, hipócritas, ladrões, mitômanos, psicopatas, assassinos, imorais, estúpidos, vulgares, iníquos), contribuindo e cooperando com seus despotismos e, em níveis obscenos, ajudando e regozijando com suas arbitrariedades, o sinal de alerta ao avizinhamento dos despotismos acendeu e está apitando in crescendo. Após tudo isto, a impressão que dá é que o nosso número crítico de amostras satânicas a uma barbárie, se já não ultrapassou, deve estar neste instante ou lá, ou muito próximo de se atingir este gatilho catastrófico.